O HOMEM MAIS GASTADOR DO MUNDO
Perolas
ao mar - Napolitanos banhando-se em "champagne"
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Publicado
na Folha da Manhã, terça-feira, 12 de janeiro
de 1926
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Neste texto foi mantida a grafia original
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O duque de Manchester, nobre inglez, amplamente conhecido no Canadá,
Nova York, Londres, Monte Carlo e Deauville, seus logares favoritos,
herdou dos seus maiores uma vasta fortuna; de tal modo, porém,
inventou maneira de gastal-a, que muito antes que lhe morresse a progenitora
já havia dissipado trinta milhões de dollares. Observando
a duqueza, uma rica americana, que os annos se passavam, sem que o
filho se regenerasse, já para morrer, chamou os mais habeis
advogados inglezes e recommendou-lhes um testamento, de tal modo feito,
que até o fim da vida do duque o puzesse a salvo dos seus credores,
e da miseria.
Os advogados realizaram, depois de muito meditar, um testamento, pelo
qual a herança passaria para um conselho administrativo, que
ficaria encarregado de entregar, annualmente, ao duque, só
as rendas do capital, não reconhecendo como legitima, a nenhumas
demandas decorrentes de dividas ou penhoras feitas pelo nobre herdeiro.
Por muitos annos, contentou-se o duque com gastar, semelhante a um
nababo, no alegre balneario de Deauville, nas mesas avidas de Montecarlo
ou nos "cabarets" de Nova York e Montreal - este ultimo,
o inferno da America, segundo a opinião dos puritanos, a ninharia
de oitenta mil dollares por anno, que, religiosamente, lhe entregava
o Natal, o poderoso administrador dos bens da marqueza, o poderoso
"Guaranted Trust Cy." de Nova York.
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Casamento
feliz |
Apezar de tudo, e para maior riqueza, topou com um optimo casamento
na America: Elena Zimmerman, milionaria varias vezes. Ao cabo de um
anno de casados, o sogro tirou-lhe a administração dos
vinte milhões de dollares com que havia dotado a filha, pois,
em tão pouco tempo, tinha gasto tres milhões. Entre
as muitas contas pagas pela duqueza Zimmerman figuram algumas muito
raras: uma de 18.000 dollares de entradas theatraes em Nova York;
outra de 70.000 dollares de jantares nos restaurantes da mesma cidade.
Depois de haver salvo o duque, pagando-lhe por vinte e seis vezes,
enormes debitos que o levariam ao carcere, foi agora apresentado,
em Paris, o processo de divorcio de ambos. Quem o promove é
o duque, allegando deserção do lar pela duqueza!!! A
verdae é que ella não quis saldar mais divida alguma
do estroina.
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Presentes
que faz |
A uma bailarina de Brodway, deu um collar de perolas que lhe custou
180.000 dollares. Fizera isto, no refeitorio do "Majestic",
numa travessia do oceano. Depois, à noite, emquanto a população
do navio seguia admirada a conversa de ambos, na murada do vapor,
tomou o duque o collar e, desfiando as contas com vagar, as ia arremessando
às ondas, deante do desespero da bailarina a do pasmo de todos.
Deu uma festa em Lille, nos primeiros dias do armisticio. Desde Paris
foi acompanhado pelos coristas de tres "music-hall", com
uma infinidade de napolitanos que, bancando argentinos, cantavam nos
cabarets da cidade. Numa casa-jardim, mandou encher um tanque de "champagne"
e nelle tomaram banho todos. O custo da festa, incluidas as multas,
as despezas judiciaes, andou em 47.800 dollares.
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Qual
o seu fim? |
Não se poderá prever; talvez se lhe applique a providencia
que um estroina paulista havia tomado para comsigo mesmo: tendo vendido
um terreno que possuia, comprou logo um revólver e algumas
balas. Para que? lhe perguntaram os amigos. Para suicidar-me, respondeu,
quando não tiver mais um tostão e a miseria ou a cadeia
me persigam por causa das minhas dividas. Infelizmente assim não
foi: delapidado o valor do terreno, em vez de suicidar-se, collocou,
revólver e balas, no "prégo". É ...
a morte dóe!
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