30 MORTOS NO GRANDE INCENDIO DA VW
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Publicado
na Folha de S. Paulo, sábado, 19 de dezembro de 1970
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Incendio que irrompeu de manhã nas instalações
industriais da Volkswagen do Brasil, no km 23 da Via Anchieta, em
São Bernardo do Campo, deixou ontem um saldo de 30 mortos
e mais de 100 feridos, alguns dos quais gravemente, e cerca de Cr$
200 milhões de prejuízos materiais (segundo estimativas
preliminares).
À noite, informava-se que um caminhão com 30 operarios
teria sido soterrado, quando a Ala 13 (quase cem mil metros quadrados
de construção) da empresa ruiu. Se isso fôr
confirmado, o numero de mortos poderá dobrar. Na Ala 13,
totalmente destruída, funcionavam as três linhas de
montagem da empresa.
O incendio começou às 8 horas, e durou mais de 12
horas. Os bombeiros só conseguiram debelar as chamas às
20 horas, e, para isso, contribuiu a chuva, que começou a
cair às 19 horas.
Os bombeiros ainda resfriam com jatos de agua e gelo seco um deposito
de 50 mil litros de "thinner" e acetileno, que poderia
explodir no subsolo da Ala 13. Hoje, nos trabalhos da remoção
dos escombros, poderão ser encontrados mais mortos, acham
as autoridades.
Entre os 30 mortos encontrados ontem, estão operarios, engenheiros
da empresa e bombeiros. A destruição da Ala 13 - considerada
a espinha dorsal daquela industria automobilística - decretou
a paralisação da Volkswagen e não se informou
quanto tempo levará a empresa para voltar a produzir.
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Trinta mortos e cem feridos; os numeros podem subir
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Trinta pessoas morreram queimadas ou soterradas e mais de cem ficaram
feridas, algumas gravemente, no incendio que detruiu ontem trinta
por cento do sistema de produção da Volkswagen do
Brasil, no km 23 da Via Anchieta, em São Bernardo do Campo,
informava-se ontem à noite.
Teme-se que o numero de mortos se eleve hoje ou amanhã durante
a remoção dos escombros. Duzentos bombeiros executam
esse trabalho, enquanto outros duzentos fazem o rescaldo do incendio
e resfriam um deposito com 50 mil litros de tiner e acetileno que,
se explodir, destruirá tudo num raio de 500 metros.
Para resfriar o deposito, dois helicopteros da FAB sobrevoaram o
local do incendio durante todo o dia de ontem, atirando sacos plasticos
com gelo seco e outras substancias quimicas. À noite, esse
trabalho foi interrompido.
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Os
feridos
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Os feridos, alguns mutilados, foram socorridos em ambulancias de
hospitais da Capital, de São Bernardo do Campo, Santo André, São
Caetano, Mauá, Ribeirão Pires e no proprio ambulatorio da empresa.
Até algumas ambulancias Kombi foram retiradas da linha de montagem
da Volkswagen para socorrer os feridos. Grande parte dos 23 mil
funcionarios da empresa doaram sangue aos colegas feridos. Dezenas
de carros transportaram os doadores, que se organizavam em filas,
no portão principal da fabrica.
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100
mil pneus
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O reservatorio da COMASP, em Nova Petropolis, desviou quase todas
as suas linhas de agua na direção da fabrica de automoveis
incendiada, a pedido do prefeito de São Bernardo, sr. Aldino
Pinotti.
O incendio destruiu toda a Ala 13 da Volkswagen do Brasil. Nessa
ala, com 300 metros de comprimento, 100 de largura e 30 de altura
estavam estocados 100 mil pneumaticos. Embaixo, localiza-se o deposito
de tiner e acetileno. Os três andares da Ala 13 constituiam
o maior pavilhão coberto para fins industriais da America
do Sul.
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Espinha
dorsal
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O incendio irrompeu às 8 horas da manhã e às
2 da tarde a diretoria da empresa distribuiu um comunicado, de 13
linhas - por coincidencia o mesmo numero da ala destruida. As outras
alas, de 1 a 12, não foram atingidas.
Mas, a Ala 13, considerada a espinha dorsal da empresa, onde funcionavam
as três linhas de montagem, foi totalmente destruida. Quatro
mil operarios trabalhavam no local quando começou o fogo.
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O
governo
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Logo que soube do sinistro e das suas proporções,
o sr. Abreu Sodré enviou ao local o secretario da Economia
e Planejamento, sr. Eurico de Andrade Azevedo que, em nome do governo
do Estado, ofereceu aos diretores e funcionarios daquela industria
automobilistica toda a solidariedade e ajuda.
Por causa do incendio, a Volkswagen do Brasil antecipou as ferias
coletivas dos seus funcionarios para segunda-feira dia 21 (o inicio
das ferias estava marcado para o dia 2 de janeiro).
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