UM RECORDE MACABRO NAS ESTRADAS
|
Publicado
na Folha de S.Paulo, domingo, 02 de janeiro de 1972
|
|
|
No ano de 1971, batemos um recorde indesejado, e mais do que isso,
constrangedor. Os desastres rodoviários atingiram a cifra mais
elevada de todos os anos anteriores: 5.268 acidentes com vitimas,
264 a mais do que em 1970.
Um total de 1.391 pessoas morreram no local, em desastres nas rodovias
estaduais e federais: 3.700 foram internadas em estado grave e 6.955
receberam ferimentos generalizados (um estudo feito na Alemanha demonstrou
que 6,5 por cento das vítimas de acidentes rodoviarios que
são internadas morrem nas primeiras 24 horas, enquanto 3 por
cento falecem nos primeiros três dias após o acidente).
A Via Anhanguera concorre com o maior contingente nesse macabro balanço.
Ela é seguida pela Dutra e pela Anchieta. Nos acidentes, as
colisões ocupam o primeiro lugar, seguidas dos capotamentos
e atropelamentos.
No setor paulista houve 1.168 acidentes com vitimas, contra 1.008
no ano passado. Nas estradas estaduais houve 4.102 ocorrencias, contra
3.996 em 1970, o que dá a estarrecedora média de 11,23
por dia.
A via Dutra é, talvez, entre todas as estradas do País,
a que tem o mais precario sistema hospitalar para atendimento às
vitimas. Foram registrados 25% a mais de acidentes com vitimas nos
quilômetros patrulhados. O volume de trafego cresceu desproporcionalmente
e calcula-se que 65 mil veiculos por dia passam pela Dutra. O acidente
que envolveu maior numero de veiculos foi o do km 13, onde 40 veiculos
se chocaram, em um engavetamento onde perderam a vida duas pessoas
e dezenas de outras ficaram feridas.
Por outro lado, na Via Anchieta, em setembro ocorreu o desastre que
envolveu o maior numero de veículos até agora. Cem veiculos
engavetavam-se por causa da intensa neblina: dezenas de feridos e
3 mortos.
Em julho, no km 36 da estrada de Ribeirão Pires, três
caminhões e um onibus chocaram-se: onze pessoas morreram, 22
ficaram feridas.
Em outubro, na estrada que liga Campinas a Itú, seis pessoas
morreram carbonizadas na colisão de um caminhonete contra um
Volkswagem.
O grande responsavel pelo numero crescente de acidentes é a
imprudencia dos motoristas, seguida da manutenção deficiente
dos veiculos.
Outras causas são a ausencia de policiamento e sinalização
e o desconhecimento do trafego e da situação das estradas.
Também as viagens longas são perigosas, pois os motoristas
se distraem na direção. Apenas 5% dos casos, segundo
levantamentos da Polícia Rodoviária, são causados
por defeitos ou deficiencias na pista.
|
Tempo
ajuda |
O Destacamento de Campinas da Polícia Rodoviária informou,
ontem, que se o tempo continuar estavel (como nos ultimos dias) não
haverá problemas para controlar o trafego das principais estradas
do Estado. Elas estão em boas condições de pavimentação.
O unico trecho perigoso é a ponte do km 130, interditada ha
alguns meses, por razões tecnicas e de segurança. O
trecho está bastante sinalizado, mas os motoristas devem ser
muito cuidadosos ao passar por ali.
|
©
Copyright Empresa Folha da Manhã Ltda. Todos os direitos
reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em
qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização
escrita da Empresa Folha da Manhã Ltda.
|
|